A mentira faz parte do cotidiano e adquire um lugar de destaque na sociedade hodierna. Ela é uma intrigante prática de linguagem, o que nos possibilita estudá-la enquanto um objeto discursivo, analisando-a sob o ponto de vista da produção e de seus efeitos pretendidos sobre a recepção, pontuando, dentre outros, seus efeitos sociais em determinada situação. A mentira é um processo enunciativo/discursivo que inicia-se no cérebro/mente, estando inscrita na relação entre interlocutores, logo, está entre as nossas inúmeras maneiras de ver e interpretar o mundo. A mentira não é um erro nem tampouco um engano. Ela é um ato intencional. A argumentação é imprescindível à sua construção enunciativa/discursiva e o triângulo ethos, pathos e logos(este, onde inicia-se a mentira) conduz o movimento da argumentação no processo da mentira, no entanto, não há um ethos específico para o mentiroso. A mentira tem a função de preservar a pessoa; no mundo da política não é diferente. Ali prevalece o jogo de interesses e a disputa pelo poder. Na democracia brasileira, a mentira está voltada para a manipulação do fato e da opinião. Há um "image-making" que substitui a realidade.