A escolha de analisar as estruturas de participação na interação entre alunos e professores chineses vai além da minha simples presença em Macau ao longo dos meus poucos anos no território. Essa escolha deveu-se sobretudo ao fato de haver na literatura da área de Ensino e Aprendizagem de línguas (com estudos publicados tanto no ocidente quanto no oriente) um certo consenso, embora equivocado, sobre uma aparente passividade do aprendente chinês em sala de aula. A análise microetnográfica possibilitou-me a encontrar momentos em que o contrário pôde ser observado, sugerindo uma revisão deste consenso tão difundido entre professores de línguas. Esta revisão parece ser necessária, especialmente porque estamos em um momento da nossa história em que o conhecimento mútuo parece ser mais desejável do que a simples 'tolerância' pelo outro. Analisar como sujeitos participam de um encontro social é muito mais do que se confiar em elementos de ordem macrossocial ou em visões tradicionais de caráter estereotipado. É, antes de tudo, analisar o 'fazer', a ação tomando corpo e sendo (re)negociada no espaço interativo, que é, ao mesmo tempo, material, histórico e situado.