A redescoberta de Marx implica, para Lukács, a análise categorial do conjunto de seu pensamento, um esforço analítico cujo objetivo é desvelar o autêntico sentido de sua filosofia. Tal tarefa envolve o árduo trabalho de refutar uma série de problemas extrínsecos a sua obra, oriunda principalmente da secular tradição do marxismo. A ontologia do ser social propõe realizar a reconsideração das principais determinações categoriais da ontologia clássica, intenciona reexaminá-las "à luz da experiência teórica do marxismo", visando "restituir ao marxismo a dignidade de uma filosofia de grande classe". Ao longo da Ontologia as categorias tradicionais da filosofia são postas em evidência e analisadas sob a luz dos princípios ontológicos extraídos de Marx. O esforço de Lukács não é o de resgatar questões e problemas da antiga ontologia e nem de compactuar com o que ele próprio denomina de ontologias da derrelição, mas realizar uma nova ontologia crítica, tomando por base o campo de possibilidades aberto pelo pensamento marxiano e pelas conquistas advindas com o desenvolvimento científico de seu tempo. Esse livro é a análise da nova trajetória assumida pelo autor na fase final de sua vida.