Uma maneira de se pensar um episódio psicótico é considera-lo como um momento no tempo em que as fronteiras que dão unidade à psique são insuficientes, dificultando a diferenciação entre interno e externo. O Rorschach é um instrumento privilegiado para o estudo dessa capacidade de diferenciação devido à sua estrutura ambígua, que exige um esforço perceptivo dinâmico a cada resposta dada. Além disso, a construção simétrica do material em torno de um eixo vertical central favorece a projeção da imagem corporal, cuja integridade depende da capacidade de diferenciação do Eu. Nosso intuito foi aprofundar o conhecimento sobre o Rorschach como instrumento sensível à dificuldade de diferenciação entre interno e externo, privilegiando-se três eixos principais: o processo de elaboração das respostas globais de má qualidade formal, a qualidade dos engramas humanos e a qualidade do investimento nos limites através da Escala Barreira-Penetração. O estudo aprofundado da dinâmica dos processos de diferenciação será de valia a todos aqueles que se interessam pelo psicodiagnóstico de base psicanalítica e que querem aprofundar seu conhecimento sobre os processos perceptivos no Rorschach.