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Manuscrito II - Fragmentos Sem Data Dum Diario

Autor M. J. Acunha
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subjectivo] Misturo a minha caligrafia aos teus olhos, Leitor - para ser entendida. (...) Fui chamada de louca. Por vezes sinto que enlouqueci mas apenas quando julgo que talvez seja Paracelso que cumprindo a promessa de que mesmo depois de morto continuaria a vir para acordar os vivos, me ande a importunar. Ou que Madame Blavatsky e minha mentora espiritual e esta imperdoavel comigo e que talvez eu tenha sido Juan T e a pobre esposa de Maximiniano esteja a acertar contas comigo agora que ja nao sou o abade mas apenas este ser desmemoriado dos meus pecados de outras vidas. Nao devem ter sido poucas: que eu tenha infamado Lucrecia Borgia e que esta tenha enviado agora o jardineiro, em pessoa literaria, para o necessario ajuste, que eu tenha sido a formosa Filipa de Saboia que o mundo nao desculpa porque nao lhe reconhece as culpas ou o seu amante-mais-tarde-marido e do cubiculo de Sintra o espirito de nosso desventurado rei Dom Afonso VI faca sobre mim a sua justa justica, que eu seja culpada de lesa-identidade porque aquela que se tem proclamado Anastasia o mundo nao reconhece nesse nome porque eu tenha emboscado os Rommanoff - e nao e que a minha cabeceira ha dois anos esta a Ressurreicao de Lev Tolstoi? Ou que por acidente todas as moleculas e todos os atomos que compoem os traidores, os vis, os caluniadores, esta determinada estirpe de assassinos encarnou em mim para a expiacao? Os pecados destas outras vidas, ainda que responsavel por eles, pode o ser que deles nao se lembra por eles ser responsabilizado? Que interrupcao de nos e esta nesta vida? Ao que serve o esquecimento a que somos sujeitos? (...) (...) nada de mim restou. A nao ser estes restos de ferida. Entao, entrego a todos, ao mundo, o que devo sem saber o que devo, e assim faco das feridas a substancia medicinal nao sei de que doenca minha ou nossa ou dos espiritos de alem, meus textos sejam panos e ligaduras para os necessarios tratamentos - e se nao forem necessarios - havera com certeza uma despensa para remedios de que nao ha doencas para curarem. Neste caso sui generis em que excresce o antibiotico dum microbio que nao existe nao ha razao para dispensario. Nesta enfermaria nao ha doentes. Que fazer destes trapos de alma? Os concedo nao aos leitores, creio nao os terei, mas apenas aquele que e criador de alma. Devoto meus textos-ferida aos, como eu, criadores da sua propria alma. O que esta muito alem de literatura e e, como esta, Eternidade. Voltando ao misterio da psique que em suas dores mentais cria (estas, outras dores, internas e geradas no seio proprio, incontaminadas do exterior), a palavra trazida duma imagem que se oculta e protege torna o nosso pensamento um tesouro. O intelecto mata o misterio na exterioridade mas o ser e vivo na sua intimidade. Por isso toda a palavra bem ou mal acedida apresenta-se fechada como uma luz inviolada que nao e possivel testemunhar na nevoa das florestas nunca penetradas e para sempre desconhecidas: apenas aos caminhantes das obscuridades elas em espiritual comunicacao nao se ocultam. Eis o verdadeiro misterio. Mas as arvores lembram. E lembram as suas sombras, na frescura e na escuridao das suas sombras, nelas se albergam vigilantes impavidas dalgum incendio posto, diverso da primeira luz, tambem aquele que caminha como sombras e vislumbre e invisivel aos outros. Na sua mente, onda obscura de luz, o genesis e o nada sao a materia infindavel da sua intemporal ocupacao, o pensamento. Ambos os hemisferios sao plenos de memoria. Do posfacio MJ ACunha"
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Specificații

ISBN-13: 9781500108007
ISBN-10: 1500108006
Pagini: 478
Dimensiuni: 216 x 279 x 24 mm
Greutate: 1.1 kg
Editura: CREATESPACE